quarta-feira, 18 de novembro de 2015

TRANSLÚCIDO SILÊNCIO, Manoel Cardoso

TRANSLÚCIDO SILÊNCIO, Manoel Cardoso,Escorteci,2003,90 páginas,Isbn: 978-85-366-0001-2



Há uma papelaria aqui no bairro Coroa do Meio, na qual costumo comprar clips, envelopes, papel A4 e outros produtos do gênero. Sobre o balcão há uma gamela com livros à venda. Poucos, de apenas um autor: Manoel Cardoso. Sempre os estou folheando: crônicas, poesia, novelas.


Livros exercem sobre mim uma atração incontrolável.

Folheio-os e leio pedaços, aqui e acolá, enquanto a balconista conta os clipes, experimenta as borrachinhas de amarrar dinheiro ou tira minhas xeroxs.

A proprietária, uma senhora simpática, vendo-me naquela bisbilhotice, aproxima-se e me diz que o autor mora em São Paulo, é professor universitário e seu irmão. Fico surpreso e, ao mesmo tempo, contente por ter encontrado a explicação do mistério, o motivo daquela exclusividade. Então achei que, para justificar minha abelhudice, me redimir, eu deveria comprar um daqueles livros. O preço era simbólico, muito barato. Comprei um que narrava uma excursão feita a uma serra, por um grupo de amigos.

Agora, ao escrever essa crônica, não o vejo mais na minha estante de sergipanos. Não sei que fim levou. E não chega a me atribular, iria usá-lo apenas como referência, pois esse texto é sobre outro livro que se chama “Translúcido Silêncio”. Comprei-o na livraria Escariz por R$12,00. De início, pensei que era de Manoel de Barros, célebre poeta do Mato Grosso, e li com cuidado alguns poemas. Todos me emocionaram, tinham sentido, eram claros, sem mistérios, translúcidos (para imitar o título). Mas, ainda na livraria, descobri que se tratava de outro Manoel, filho da cidade de Nossa Senhora das Dores em Sergipe, o irmão da dona da papelaria da Coroa do Meio. E continuei sentindo-o tão bom ou melhor do que o outro Manoel.

E agora, depois de percorrer mais de uma vez os versos de Manoel Cardoso digo que eles fluíram sonoros como se estivessem rimados e metrificados sem o estarem. Não há palavras perdidas. Não há idéias soltas ou truncadas. Cada poema traz alegria, muito mais tristeza. Saudade, muito mais indignação. Também amor, um amor sofrido pelo seu rincão e indignado pelo Deus que tem tudo e poupa tanto.

Esse Manoel Cardoso não é um “poeta” qualquer... Sabe escrever, colocar as palavras que deveriam estar naquele lugar, e transmitem, rigorosamente, o sentimento certo, o leitor absorve naturalmente. É um poeta maior.


Sala de leitura: TRANSLÚCIDO SILÊNCIO, Manoel Cardoso, Escortece, 2003, 90 pag. Isbn: 978-85-366-0001-2 - Este livro, eu comprei na Escariz por R$12,00. Pensei que se tratasse de Manoel de Barros e li com cuidado alguns poemas. Todos me emocionaram, tinham sentido, eram claros, sem mistérios, translúcidos (para imitar o título). Lá mesmo na livraria descobri que se tratava de outro Manoel, pois era filho da cidade de Nossa Senhora das Dores em Sergipe. Tão bom ou melhor que o outro Manoel.
(Revista Perfil ano 18 número 1)


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