sexta-feira, 20 de novembro de 2015

UM AMIGO DE KAFKA, Isaac Bashevis Singer

UM AMIGO DE KAFKA, Isaac Bashevis Singer,LPM Pocket,320P,18cm,2008,ISBN – 978-85-254-1400-7



O que aparecer nas livrarias de Isaac Singer eu compro e leio. E ainda empresto às pessoas que eu sei que gostam do que é bom. Sinto-me em casa lendo contos, as memórias deste escritor judeu polonês.

 Nasci no lado de cá do mundo, no interior de Sergipe, em Itabaiana, numa família católica, dessas que nem sabem de que povo descende. Por que então essa empatia? Dizem que os itabaianenses provêm de judeus, devido talvez ao fino tino comercial que possuem, mas a história não confirmou ainda.  

E que importância teria isso ao meu gosto pelos textos de Singer? Gosto do que ele escreve independentemente de qualquer vínculo com o sangue improvável, apenas por que me embevece.

Neste livro (Um amigo de Kafka), como nos demais que já li, o foco é o mesmo: os judeus poloneses e suas desventuras e aventuras. São histórias domésticas, muitas vezes sem nada de espetacular, mas que prendem e encantam. Ele, como eu, tratamos de pessoas simples e anônimas que viveram sem brio aparente nenhum. Ele explora a desilusão da vida ingrata, inútil, e eu, a ilusão de um futuro promissor, incerto. Ele encanta e eu tento, desesperadamente, fazer o mesmo.

Eu já havia publicado meus dois primeiros livros “Os Tabaréus do Sítio Saracura” e “Meninos que não Queriam ser Padres” quando conheci a obra de Isaac Singer. Digo isso porque tento me preservar de um plágio. E explico por quê. Em Singer (no conto Os Pombos, deste livro) acontece uma revoada de pombos que acompanha o féretro de professor Vladislav, em Varsóvia, semelhante a revoada das abelhas que pairou sobre a casa onde meu avô Totonho Bernardino, no sítio dos Ferreiros, nas Flechas de Itabaiana. As abelhas pairaram voando e zoando e, depois, acompanharam, por um bom trecho, o cortejo fúnebre que seguia ao cemitério de Santo Antônio e Almas de Itabaiana. Está descrito em “Os Tabaréus do Sítio Saracura” (a rapariga e a morte questionada).  Eu sei que falei de minhas abelhas bem antes (2008) de ter lido o conto de Isaac Singer (2011), independente de quem primeiro acompanhou enterro, se as abelhas das Flechas de Itabaiana ou pombos de Varsóvia. Meu avô faleceu em 1964 e Singer não diz a data do falecimento de Vladislav, mas o livro de Isaac Singer foi publicado em 1970, daí preocupar-me e de antemão arremedar uma defesa.

Alguns contos do “Um amigo Kafka”, além de Os Pombos, são espetaculares, e não posso me omitir em nomeá-los aqui: Visitantes de uma noite de inverno (eu ouvia o pavio chupar o querosene); A Chave, O Conselheiro, Schloimele, A Colônia, O Filho... todos valem muito a pena serem lidos.

Isaac Singer ganhou o prêmio Nobel de Literatura em 1978.

Você já leu “Amor e Exílio” ou “47 contos”?


 Se “Um amigo de Kafka” ou qualquer outro livro de Isaac Singer cair em suas mãos, não deixe escapar. Mas estique o braço e pegue também “Os Tabaréus do Sítio Saracura”, de um judeu ceboleiro controverso, que está ao lado, na estante de Livros Sergipanos, da Escariz Riomar, Jardins ou Jorge Amado.




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