quarta-feira, 25 de novembro de 2015

PORTO DA FOLHA FRAGMENTOS DA HISTÓRIA E ESBOÇOS BIBLIOGRÁFICOS, Manoel Alves de Souza


PORTO DA FOLHA FRAGMENTOS DA HISTÓRIA E ESBOÇOS BIBLIOGRÁFICOS, Manoel Alves de Souza, Edição do autor, 2009,413 páginas



O intelectual e historiador de escol, Pedrinho dos Santos (“A Proclamação da República na Missão de Japaratuba”, e muitos outros) que o diga. Esse Manoel Alves de Souza “não é um novato nas caminhadas da vida intelectual de Sergipe”.

E nem poderia ser, pelo que mostra a fotografia aposta na página 21 do seu livro, pelo curriculum festejado por Pedrinho, pela obra que está à venda nas livrarias da cidade. A obra transpira pesquisa, árduo trabalho, missão de vida, maturidade consciente. Eu senti isso! Denso, rico em informações, restabelece a memória de 71 personalidades do município sertanejo que se destacaram como militares, padres, donos de terras, professores, funcionários de alto nível. E ainda apresenta dados sobre a origem de Porto da Folha, e entra na segunda guerra mundial, com seus conterrâneos guerreiros. E muito mais.

Se em Porto da Folha até então eu só conhecia Antonio Carlos do Aracaju (que nem é citado no livro) e Pedro Alves de Souza, que foi seminarista comigo nos idos de 1960, tem tanta gente ilustre, o que não dizer de todo o Estado. Luiz Antonio Barreto está longe de concluir o seu trabalho (“Personalidades Sergipanas”).

Os buraqueiros tem muito é que comemorar a obra. E nós todos brasileiros, também!
Estes 71 ilustres poderiam ter sido comidos pelo cupim do esquecimento eterno. Como muitos de outras cidades com menos sorte. Mas estes estão agora eternizados, guardados numa fonte indelével e acessível (o livro) para que estudiosos busquem subsídios, escrevam desdobramentos da vida e obra de cada um, para a nossa história autêntica.

Ao lado de sobrenomes como Britto e Feitosa, outros muitos brilham (e brilharam) na vida econômica, cultural nascidos no sertão de Porto da Folha. Lendo o livro, eu conheci os heróis e as epopeias, pois o autor entranhou os fatos mais importantes por que passou cada um dos biografados. E neste ponto, o livro ganha ares de romance épico, quando fala da questão de terras, a fazenda Pilão tomada na tora pelo latifundiário Oliveira Rezende. A fazenda Araticum de Etelvino Tavares e a intervenção profícua de sinhozinho Bahia (177). As filhas do padre Gervásio e a sua teimosia em se manter padre (188). Padre Jugurta, que certamente seria bispo, como seus colegas de seminário (Mário Vilas-Boas, Avelar Brandão), se não encontrasse a bela Aristela. E o concílio Vaticano II (até nele) “dom Manoel” entra e se envolve como se fosse um cardeal. O batizado do cangaceiro Balão (199), os casamentos surpresa do padre Lima (200), o conluio entre coiteiros, cangaceiros e volantes. Padre João Lima, um ilustre buraqueiro, chegando a ser considerado prefeito (paralelo) de Frei Paulo, pelas obras que realizava (255).

Essa plêiade de buraqueiros humildes ingressou nas forças armadas, nos seminários, catados pelos franciscanos, pelos capuchinhos, pelos seculares, pelos salesianos nas várias Santas Missões. Depois foi puxando os irmãos mais novos, transformando-se todos em ilustres sergipanos, que agora nunca mais esqueceremos.

E lendo o livro eu fui reconhecendo alguns deles, como Edson Ulisses de Melo, que sempre vejo nas solenidades públicas a quem cumprimento de longe.

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Há dois outros livros sergipanos, “A História de Lagarto” de Adalberto Fonseca, e “Japaratuba da Origem ao Século XIX”, de Eduardo Cabral, que me causam similar satisfação como este “Porto da Folha”, do professor Manoel Alves. Estão além os três. Como se fossem, sei que não o são, obras definitivas, cabais. Elas ficarão à vista, em minha biblioteca, como santos de veneração.

O professor Pedrinho dos Santos, habitante do “Depósito Literário” da Biblioteca Epifânio Dórea (a caverna escura onde São João Apóstolo escreveu o Apocalipse), prossegue gastando latim no prefácio, útil latim. “O livro do professor Manoel Alves Souza escapa dessa visão tecnicista e inconsequente, enxerga palmos adiante e entende, sobretudo, que na história de sua gente se acha um pedaço da explicação da própria sociedade sergipana.”

Não se apoquentem, pois a escuridão aludida à caverna de são Pedrinho, é apenas virtual. Sete candeeiros de ouro alumiam de sabedoria a igreja encravada no concreto da biblioteca sergipana. Os fiéis saem pesados, prenhes, da boa e consiste informação.

Assim como os três livros e respectivos autores citados mais acima, há paróquias (igrejas e vigários) que, naturalmente, me incutem veneração idêntica: Este “Depósito Literário” do professor Pedrinho dos Santos, o apartamento-biblioteca de Jackson da Silva Lima e o Instituto Tobias Barreto de Luiz Antônio que não me sairá jamais da memória.  Para ficar no mesmo número mágico da Santíssima trindade. Já que falo de santos.







Sala de Leitura

Porto da Folha Fragmentos da História e Esboços Bibliográficos, Manoel Alves de Souza, Edição do autor, 2009 - O historiador de escol, Pedrinho dos Santos (“A Proclamação da República na Missão de Japaratuba”) que o diga. Manoel Alves de Souza “não é um novato nas caminhadas da vida intelectual de Sergipe”. E nem poderia ser, pelo que mostra a fotografia aposta na página 21 do seu livro, pelo curriculum festejado por Pedrinho, pela obra que está à venda nas livrarias da cidade. “Porto da Folha” transpira pesquisa, árduo trabalho, missão de vida, maturidade. Eu senti isso! Denso, rico em informações, restabelece a memória de 71 personalidades do município sertanejo que se destacaram como militares, padres, donos de terras, professores, funcionários de alto nível. E ainda apresenta dados sobre a origem de Porto da Folha, e também na segunda guerra mundial, com seus conterrâneos guerreiros. E muito mais. Leiam!
(Publicada na Perfil Ano 18 n. 1)


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