PORTO DA FOLHA FRAGMENTOS DA HISTÓRIA E ESBOÇOS
BIBLIOGRÁFICOS, Manoel Alves de Souza, Edição
do autor, 2009,413 páginas
O intelectual e historiador de escol, Pedrinho dos Santos (“A
Proclamação da República na Missão de Japaratuba”, e muitos outros) que o diga.
Esse Manoel Alves de Souza “não é um novato nas caminhadas da vida intelectual
de Sergipe”.
E nem poderia ser, pelo que mostra a fotografia aposta na
página 21 do seu livro, pelo curriculum festejado por Pedrinho, pela obra que
está à venda nas livrarias da cidade. A obra transpira pesquisa, árduo
trabalho, missão de vida, maturidade consciente. Eu senti isso! Denso, rico em
informações, restabelece a memória de 71 personalidades do município sertanejo
que se destacaram como militares, padres, donos de terras, professores,
funcionários de alto nível. E ainda apresenta dados sobre a origem de Porto da
Folha, e entra na segunda guerra mundial, com seus conterrâneos guerreiros. E
muito mais.
Se em Porto da Folha até então eu só conhecia Antonio
Carlos do Aracaju (que nem é citado no livro) e Pedro Alves de Souza, que foi
seminarista comigo nos idos de 1960, tem tanta gente ilustre, o que não dizer
de todo o Estado. Luiz Antonio Barreto está longe de concluir o seu trabalho (“Personalidades
Sergipanas”).
Os buraqueiros tem muito é que comemorar a obra. E nós todos
brasileiros, também!
Estes 71 ilustres poderiam ter sido comidos pelo cupim do
esquecimento eterno. Como muitos de outras cidades com menos sorte. Mas estes estão
agora eternizados, guardados numa fonte indelével e acessível (o livro) para
que estudiosos busquem subsídios, escrevam desdobramentos da vida e obra de
cada um, para a nossa história autêntica.
Ao lado de sobrenomes como Britto e Feitosa, outros muitos brilham
(e brilharam) na vida econômica, cultural nascidos no sertão de Porto da Folha.
Lendo o livro, eu conheci os heróis e as epopeias, pois o autor entranhou os
fatos mais importantes por que passou cada um dos biografados. E neste ponto, o
livro ganha ares de romance épico, quando fala da questão de terras, a fazenda
Pilão tomada na tora pelo latifundiário Oliveira Rezende. A fazenda Araticum de
Etelvino Tavares e a intervenção profícua de sinhozinho Bahia (177). As filhas
do padre Gervásio e a sua teimosia em se manter padre (188). Padre Jugurta, que
certamente seria bispo, como seus colegas de seminário (Mário Vilas-Boas,
Avelar Brandão), se não encontrasse a bela Aristela. E o concílio Vaticano II
(até nele) “dom Manoel” entra e se envolve como se fosse um cardeal. O batizado
do cangaceiro Balão (199), os casamentos surpresa do padre Lima (200), o
conluio entre coiteiros, cangaceiros e volantes. Padre João Lima, um ilustre
buraqueiro, chegando a ser considerado prefeito (paralelo) de Frei Paulo, pelas
obras que realizava (255).
Essa plêiade de buraqueiros humildes ingressou nas forças
armadas, nos seminários, catados pelos franciscanos, pelos capuchinhos, pelos
seculares, pelos salesianos nas várias Santas Missões. Depois foi puxando os irmãos
mais novos, transformando-se todos em ilustres sergipanos, que agora nunca mais
esqueceremos.
E lendo o livro eu fui reconhecendo alguns deles, como Edson
Ulisses de Melo, que sempre vejo nas solenidades públicas a quem cumprimento de
longe.
xxx
Há dois outros livros sergipanos, “A História de Lagarto” de
Adalberto Fonseca, e “Japaratuba da Origem ao Século XIX”, de Eduardo Cabral,
que me causam similar satisfação como este “Porto da Folha”, do professor Manoel
Alves. Estão além os três. Como se fossem, sei que não o são, obras definitivas, cabais.
Elas ficarão à vista, em minha biblioteca, como santos de veneração.
O professor Pedrinho dos Santos, habitante do “Depósito
Literário” da Biblioteca Epifânio Dórea (a caverna escura onde São João
Apóstolo escreveu o Apocalipse), prossegue gastando latim no prefácio, útil
latim. “O livro do professor Manoel Alves Souza escapa dessa visão tecnicista e
inconsequente, enxerga palmos adiante e entende, sobretudo, que na história de
sua gente se acha um pedaço da explicação da própria sociedade sergipana.”
Não se apoquentem, pois a escuridão aludida à caverna de são
Pedrinho, é apenas virtual. Sete candeeiros de ouro alumiam de sabedoria a
igreja encravada no concreto da biblioteca sergipana. Os fiéis saem pesados, prenhes,
da boa e consiste informação.
Assim como os três livros e respectivos autores citados mais
acima, há paróquias (igrejas e vigários) que, naturalmente, me incutem
veneração idêntica: Este “Depósito Literário” do professor Pedrinho dos Santos, o
apartamento-biblioteca de Jackson da Silva Lima e o Instituto Tobias Barreto de
Luiz Antônio que não me sairá jamais da memória. Para ficar no mesmo número mágico da
Santíssima trindade. Já que falo de santos.
Sala de Leitura
Porto da Folha Fragmentos da História e Esboços
Bibliográficos, Manoel Alves de Souza, Edição
do autor, 2009 - O
historiador de escol, Pedrinho dos Santos (“A Proclamação da República na
Missão de Japaratuba”) que o diga. Manoel Alves de Souza “não é um novato nas
caminhadas da vida intelectual de Sergipe”. E nem poderia ser, pelo que mostra
a fotografia aposta na página 21 do seu livro, pelo curriculum festejado por
Pedrinho, pela obra que está à venda nas livrarias da cidade. “Porto da Folha”
transpira pesquisa, árduo trabalho, missão de vida, maturidade. Eu senti isso!
Denso, rico em informações, restabelece a memória de 71 personalidades do
município sertanejo que se destacaram como militares, padres, donos de terras,
professores, funcionários de alto nível. E ainda apresenta dados sobre a origem
de Porto da Folha, e também na segunda guerra mundial, com seus conterrâneos
guerreiros. E muito mais. Leiam!
(Publicada na Perfil Ano
18 n. 1)
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