quarta-feira, 18 de novembro de 2015

ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA, José Samarago

ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA, José Samarago, Caminho, 9. Edição, 19995, isbn 972-21-1021-7.




Para que introdução, prefácios e apresentações? Neste livro até caberia. Um bem técnico, mostrando a biografia do autor, ganhador de um prêmio Nobel de literatura, único em nossa língua.
Para que capítulos definidos e titulados? Para que pontuação? Para que diálogos didáticos com clara indicação de quem perguntou e de quem respondeu? Para que isso tudo se o livro é bom ou ruim. No primeiro caso não lhe aumentará o valor. No segundo, não lhe acrescentará nada.
Este “Ensaio sobre a cegueira” não têm nada disso e se impõe.
Pode haver algum leitor que reclame do amontoado de letras a que não está acostumado (eu faço), mas o fará bem baixinho, se o fizer.
O bom livro dispensa acessórios.

xxx

Um caminhão de diamantes que às vezes nem parece tanto. O complicado é controlar (dar conta) de tanta riqueza assim amontoada. Apesar do valor que acabo de outorgar ao livro, “Ensaio sobre a cegueira” é complicado lê-lo.  Tudo misturado. Não há pontos para descanso, pausa para se respirar.  Recomeçar a leitura abandonada no dia anterior é sempre uma tarefa árdua. Onde foi mesmo que eu parei ontem? Mas compensa, com infinitas sobras.
Vivi momentos  monótonos aparentemente repetitivos. Confesso que pensei em parar, como fiz alguns anos atrás com “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, do mesmo autor.
Mas há trechos que jamais se apagarão de minha memória, antológicos.

E não vai contar a história, como manda a ciência da resenha?

Não!

Não vou privá-lo do raro prazer de pegar com suas mãos os diamantes no caminhão.

(Publicado na Perfil 16/2).



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