MONS ERALDO BARBOSA DE ALMEIDA, Carlos
Mendonça, Infographics, 2013, 235 p, isbn(sem)
Carlos Mendonça está publicando
como ninguém em Itabaiana. Neste ano (2013) depois de “Amor de Mãe”, que vendeu
toda a edição de porta em porta às vésperas do dia das mães, lançou, na II
Bienal do Livro de Itabaiana, “Mons. Eraldo Barbosa de Almeida”, já se
esgotando (restam 300 de 1000 exemplares impressos). Desde 2011, quando fechou
a pequena sorveteria que mantinha numa periferia de Itabaiana e virou
literato, ele publicou: “Chico de Miguel”, “Na Feira de Itabaiana Tem” e “Vidas
em Trânsito”...
Pelo que me disse, possui mais três
livros em fase final de acabamento. E acredito, pois sempre o vejo fuçando
jornais antigos na Biblioteca Epifânio Dória e no Instituto Histórico e
Geográfico. Outro dia, liguei para ele (queria encomendar um de seus livros
para uma amiga insistente), e alcancei-o (conforme me confidenciou) na casa de
um ancião, num povoado socado no meio do mundo, alto sertão de Pernambuco, fazendo
pesquisas.
Sei o tema de suas obras em fase
final gestação: “A vida do Padre Bolinha” (José Araujo, o vaqueiro), “O Poder
dos Coronéis: Manoel Teles e Euclides Paes Mendonça” e “O Matuto” (cordel ao
estilo de na "Feira de Itabaiana tem". Este cordel, aproveitando
a deixa, leva o nome de Itabaiana ao exterior, a partir dos congressos da
Universidade. A professora Márcia Mariano da UFS elaborou um estudo científico
sobre a obra e profere palestras mundo à fora.
Carlos Mendonça gagueja, mas não reluta: Escrevo uuuu que as pessoas querem ler. Por isso, venveeennndo!, disse
outro dia em uma emissora de rádio, com o seu jeito singular de convencer.
É uma “avis rara” em nossa
campina árida em leitores. Filas ávidas se formam nos lançamentos que promove.
Além do mais, o fã clube de Carlos, um garboso mancebo despachado e solteiro,
aumenta a cada dia entre a intelectualidade feminina, que é quem mais lê, na
verdade.
xxx
Pouco se tem escrito biografias de
vultos ilustres de nossos municípios. Percebe-se uma relutância da intelectualidade
togada em escrevê-las, como se isso fosse um trabalho de menor valia. Parece um equívoco. Nas livrarias sempre estão em destaque biografias
espetaculares sobre figuras que se destacaram em algo, pelo mundo. E esses
livros são comprados. Se não, sairiam logo das vitrinas da frente.
“Mons. Eraldo...” é uma biografia. Vamos comemorar.
E não é a primeira de Carlos Mendonça (veja Chico de Miguel citado acima). Ele percebeu o espaço vazio. Carlos encontrou (acidentalmente ou em função de seu faro sherlokiano) os arquivos secretos do monsenhor e não deixou por menos. Até no vernáculo caprichou mais. A última parte, a que trata de renúncia do monsenhor ao vicariato de Itabaiana, é um triller azougado. O autor, como é de seu feitio, toma partido e xinga os opositores ao pároco de “uns cornos e uns fio duma égua desocupados”, como se ele mesmo fosse a vítima, interagindo com leitores e personagens, numa simbiose esquisita, mas cativante.
E não é a primeira de Carlos Mendonça (veja Chico de Miguel citado acima). Ele percebeu o espaço vazio. Carlos encontrou (acidentalmente ou em função de seu faro sherlokiano) os arquivos secretos do monsenhor e não deixou por menos. Até no vernáculo caprichou mais. A última parte, a que trata de renúncia do monsenhor ao vicariato de Itabaiana, é um triller azougado. O autor, como é de seu feitio, toma partido e xinga os opositores ao pároco de “uns cornos e uns fio duma égua desocupados”, como se ele mesmo fosse a vítima, interagindo com leitores e personagens, numa simbiose esquisita, mas cativante.
A obra tem maior fôlego que os livros
anteriores. Fotos raras, documentos inquestionáveis,
texto claro, organização didática, fazem dela uma
peça interessante, tanto para leitura como para olhar as figuras. Sem dúvida
também um documento que a teimosia de um escritor popular disponibiliza
para estudiosos.
Não virem o rosto!
Por fim, extrapolando o tema da
resenha, peço ao acidental leitor que dê crédito à literatura produzida em
Sergipe. Só o leitor pode criar ou fazer progredir um escritor.
Se ninguém lê Saracura...
Ele (que sou eu) perdeu tempo escrevendo livros. Deveria ter ficado cuidando de sua roça de pedras nas encostas da serra do São José em Campo do Brito.
Ele (que sou eu) perdeu tempo escrevendo livros. Deveria ter ficado cuidando de sua roça de pedras nas encostas da serra do São José em Campo do Brito.
(Publicada na revista Perfil ano 16 número 8)
Antônio Francisco de Jesus, outubro
de 2013. Revista em dezembro de 2017.
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