MORTE NO RIO SÃO FRANCISCO, Tadeu
M. Almeida, 2017, Aracaju, Infographics, 99 páginas, isbn 978-85-9476-115-6
Há três anos, Tadeu, colega da
faculdade de Economia dos idos de 1970, que nunca mais vira, também pelo
motivo de eu ter ficado fora de Sergipe alguns anos, procurou-me, ia publicar
um livro também. Sabia que eu era escritor, lera meu livro Meninos que Não
Queriam ser Padres e fez considerações pertinentes que buscarei implementar em
uma provável nova edição.
Eu me surpreendi, não sabia do
pendor de Tadeu, sempre economista e auditor de tributos, além de advogado. Andava meio recluso, ele mesmo me
disse. Morava em um sítio às margens do rio São Francisco, não sei bem em
qual município. Vinha a Aracaju cuidar da saúde do corpo e do bolso apenas.
O livro transitava pela filosofia
e se chama "Filosofando o Cotidiano", que saiu impresso e à cores o que me
impressionou pelo zelo do autor em comunicar bem. No ano seguinte, saiu outro
livro do mesmo naipe, “O Universo de Deus” e, em 2016, “A Consciência de
Dagoberto”, que fiz o prefácio, e há uma resenha neste blog falando dele.
Este ano, para não perder o ritmo
anual, Tadeu lançou mais um livro. Um livro
diferente mais ou menos: “A Morte no rio São Francisco”. Também curtinho. Um
conto policial. George Simenon escreve livros leves e curtinhos e neles
o inspetor Maigret faz estrepolias como em alentados romances.
É uma tarefa dura ao escritor de
narrativas policiais escapar da monotonia, das obviedades, das extensões inúteis.
“Morte no Rio São Francisco” é bem
narrado. Coerente, consistente até onde pude sentir. Conta o assassinato de um
fazendeiro importante e a cuidadosa investigação feita pelo delegado de carreira,
Pascoal, para elucidar. A linha de investigação é retilínea
e, mesmo descrevendo passos óbvios, o livro consegue prender o leitor até o final,
já anunciado.
Um ponto a ressaltar: a ação desenrola-se aqui mesmo em nosso mundo sergipano, em um cenário rico que poderia
ser muito mais explorado pelos autores da terra. Quantos mistérios não povoam as locas
das beiradas do rio São Francisco quando entra em Sergipe e caminha até o
oceano querendo recuar a cada arrojo? Tadeu Almeida promete desvendar muitos desses mistérios no
ritmo em que vem produzindo. Talvez Pascoal ainda seja um famoso
detetive da literatura. E Tadeu, um Simenon ou Agatha ou Doyle ou Le Carrè. Está bem iniciado aqui.
Aracaju, 23 de dezembro de 2017
li na AIL em julho 2021
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