segunda-feira, 16 de novembro de 2020

CAUSOS E VISAGENS E ASSOMBRAÇÕES DO INTERIOR SERGIPANO

 

CAUSOS E VISAGENS E ASSOMBRAÇÕES DO INTERIOR SERGIPANO, Agenor Aguiar,Artner,  2019,104 p.Isbn 9788569567 394

 



“Muitos romances poderiam ser escritos em três, quatro páginas” falou Graciliano Ramos uma vez, nem sei onde. De que vale um catatau enorme que não diga nada ou que diga coisas inúteis? Uma biblioteca inteira de livros de ruins não chega a valer o tanto de um único livro bom, ou melhor, de uma única frase que tenha sentido, beleza e utilidade.

Antenor Aguiar é um contador de histórias esmerado. Pertence a um grupo que encanta crianças e adultos com sua arte. Apenas a entonação de sua voz arrepia, assusta, conquista, emociona.

¨Viagens e Assombrações... são deliciosas histórias, bem escritas e que qualquer um (até eu) pode contar para os netos. E o melhor de tudo é que, boa parte, são histórias nossas, que Antenor ouviu aqui resolveu recontar literariamente. São treze casos que ensinam a viver, alertam sobre riscos que sempre há por conta da inveja, despeita, ruindade e outros defeitos de caráter de pessoas que estão à nossa volta. Fique alerta. 

Sempre o embate entre o mal e o Bem. E o Bem, via de regra, vence, ao final, depois que o Bem sofre o diabo.

Eis os casos... 

Meninos com Coroas no cabelo. (O Rei e três moças bonitas que queriam casar com ele. Uma boa e duas más. Como a boa sofre!)

O Diabo e a morte (O casal feliz e pobre sofre na mão do vizinho rico sem princípios que fez pacto com o diabo).

A Caveira de Fogo (O menino endiabrado – há muitos – que criava um bode preto chifrudo e se divertia assustando as pessoas simples. Espírito de porco. Pagou caro).

Bastião, o defunto e o cemitério (O menino Bastião topou o desafio de invadir o cemitério mal assombrado à noite para ganhar um dinheirinho. Eu não iria. Mas Bastião se deu bem. Ganhou um dinheirão).

A Mula sem cabeça e as almas penadas (Manoel dormiu na missa e ao acordar encontrou a Mula sem Cabeça que encantava pessoas).

Iara (foi castigada por ter matado os irmãos e, agora, fica, nas noites, dentro do rio, atraindo rapazes para seu leito de prazer. Eu desconfio. Mas os amigos de Gilberto entraram numa boa fria com um time inteiro de belas Iaras).

A Canela do Esqueleto (caso acontecido de verdade. Aline e suas colegas ficam sós no sítio cuidadas pelo cachorro, apelidado Lobo. À noite (sempre à noite) Lobo rosnou na direção da escuridão lá de fora que saiu enfrentar o perigo desconhecido. Aline foi atrás e retornou bem depois com um osso de canela na mão. Eu não vou contar o final).

Meia-noite (leia por favor).

O Lobisomem;

Sinhozinho e o ouro;

Dionísio, a casa mal assombrada e a botija (Você já ganhou alguma botija na vida?)

O Saci Pererê e os caçadores.

A princesa Roubadeira.

 Eu não iria mesmo contar todas. Perderia a graça e o gosto para você que certamente vai comprar livro.

Dou valor a quem escreve sobre nossas coisas. Pode até me fazer medo. É que os outros lugares já tem seus escritores dedicados.

Que os livros de Antenor (ele publicou dois outros) despertem nossos intelectuais a publicarem livros simples que fazem tanto bem aos leitores simples como eu. Porque não damos conta de ler livros complexos. Por falta de tempo, de preparo, porque são um saco mesmo.

(Antônio FJ Saracura, dezembro, 2019).

 

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