segunda-feira, 30 de novembro de 2020

O MENINO DE PUXINANÃ, José cândido da Silva

O MENINO DE PUXINANÃ, José cândido da Silva, 2 edição.



É um livro feito na tora, nem tem nome editora, nem os termo de restrições à cópias, nem o ano de impressão, nem isbn...

Eu o vi na livraria e achei o nome bonito. Gosto de nomes que incorporam nossas raízes profundas...

 Lá mesmo na livraria, andei pelas folhas e vi que se tratava de obra de grande guerreiro: sem estudo, mas com uma enorme vontade de deixar rastos no mundo que lhe deu a oportunidade de viver. Vi que o autor do livro era também o de uma canção popular que me arrepiavam, chamada “Carcará.”

 Mais coragem do que home

Carcará

Pega, mata e come

O preço era razoável (até barato) e o levei para casa.

E comecei a ler a trajetória deste menino lutador. Uma história comovente! Um livro de causar inveja a muitos livros de literatos coroados em academia. Para mim, pelo menos, que acho que um livro deve ser escrito por quem conhece o tema, por quem viveu os momentos ou por quem tem condições de imaginá-los como se tivesse vivido mesmo. E gosto de livros escritos na primeira pessoa, me aproximam mais da história contada. E tanto gostei de José Cândido como gosto de Isac Bahevis Singer (Prêmio Nobel 1978)  com  histórias singelas dos judeus poloneses, ocupados em consertar calçados, em agenciar casamentos, em duvidar da própria fé...

Pena que José Cândido já se foi e eu não pude levar o meu abraço de reconhecimento pelo valor que tem. Vencendo desafios da vida, escrevendo canções (Carcará, ouricuri madurou e muitas outras) e livros ("O Menino de Puxinanã" e "O Querubim", que depois li também) que tocam a gente.

Recentemente, conheci um cidadão especial que transita na Aracaju cultural, chamado Ribeiro. Prometeu me dar um livro que, segundo ele, eu iria gostar muito. Três dias depois, me trouxe “O Menino de Puxinanã”. Fiquei mais amigo do Ribeiro naquele dia. Ele conviveu com  José Cândido muitos anos, viajaram juntos à Santana do Ipanema, ao sítio Puxinanã...

(por Antônio FJ Saracura, Aracaju, 25 de marco de 2011, recuperada em novembro de 2020).

Post scriptum:

Em 25/02/2008, no hospital São Lucas em Aracaju – SE faleceu o compositor José Cândido, que tornou-se conhecido pela autoria da música “Carcará”, hoje com mais de 40 regravações.

José Cândido da Silva, nasceu em 11/03/1927, no Sítio Puxinanã, Município de Santana do Ipanema -AL. Saiu de Puxinanã em 1945, foi para Aracaju de onde mudou-se para o Rio de Janeiro – RJ, em 1950. Em 1989 retornou a Santana do Ipanema e em 1992 mudou-se para Aracaju, onde fixou residência de forma definitiva.

“Carcará” é uma das músicas mais fortes da MPB. Em 1964, foi o marco inicial da carreira de Maria Bethânia, que estourou nacionalmente com este baião em 1965. Carcará é assinada pelo maranhense (de Pedreiras) João do Vale e o alagoano José Cândido. “Carcará” não é a única composição assinada pela dupla, Morena do grotão e Pé do lagêro (Onde a onça mora), também são fruto dessa “parceria”.

José Cândido tem mais de 80 músicas gravadas, a maioria sem parceiros, na voz de Aldair Soares, Marinês, Nara Leão, Chico Buarque, Zé Gonzaga, Trio Mossoró e Luiz Wanderley, entre outros.

(texto do PS adaptado de http://www.forroemvinil.com/livros/jose-candido-o-menino-de-puxinana/)

 

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