ENCONTRO EM SAMARRA John Ohara, Ediouro 2005
Um servo chegou para seu senhor e disse: “Estive no mercado
e aconteceu uma coisa espantosa, por isso preciso que me empreste um cavalo
para fugir”.
O senhor pergunta ao servo: “O que aconteceu?”
O servo responde: “Eu me encontrei com a morte no mercado e
ela me ameaçou com um gesto. Empresta-me um cavalo, que fugirei para Samarra”.
O senhor então foi ao mercado, encontrou-se com a morte e
perguntou: “Como ousaste ameaçar meu servo?”
A morte respondeu: “Não é verdade, senhor! Eu não ameacei
seu servo. Fiz um gesto ao vê-lo, mas foi um gesto de espanto, pois esta noite
tenho um encontro marcado com ele em Samarra”.
O servo tentava escapar da morte e corria exatamente para o local onde o destino marcou seu encontro com ela.
A inexorabilidade do destino traçado (ou escolhido?).
O livro de Ohara traça a trajetória descendente de auto destruição de um dândi. Um ato impensado, atiçado pelo excesso de álcool e confiança, é o começo da derrocada. De tombo em tombo, em efeito dominó, os valores vão ruindo e, enquanto isso, são expostos os comportamentos mesquinhos da sociedade local, que é igual a qualquer outra, também a de Aracaju.
Mesmo que alguém esteja no topo, brilhando, se estiver marcado para descer, descerá. Nem precisa dar uma grande mancada, basta uma pequena pisada na bola, e o seu mundo inteiro começará a ruir. E não vão faltar os “colaboradores”, os que, consciente ou inconscientemente, ajudarão na descida.
O preceito desta fábula nos diz: o que tem de ser será.
Por mais que se tente escapar, o destino é irreversível e
inexorável.
Mas qual é o nosso destino traçado?
Felizmente não sabemos.
Por isso, não devemos nos entregar à má sorte achando que é o nosso destino. Talvez seja exatamente o oposto.
(Aracaju 01 de janeiro de 2011, por Antônio FJ Saracura, recuperado em 17 de novembro de 2020)
Li na Ail em 08/02/2021
ResponderExcluirleia-se na ASL
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