MENSAGEIROS DO LÚDICO, Beatriz
Góes Dantas, edição do autor, 2013, 98n pág, ilust, Isbn – 978-856257688-1
“Quem tem o divertimento acima de qualquer outro propósito. Quem faz
alguma coisa simplesmente pelo prazer em fazê-la.” Acabei de pegar no dicionário
da internet essas duas definições para lúdico. Há outras definições, mas
extrapolam minha necessidade.
O livro de Beatriz Dantas “Mensageiros do Lúdico mestres de brincadeiras
em Laranjeiras” mostra-nos de corpo e alma essas personagens que, pelo gosto de
se divertir e divertir as pessoas, mesmo sendo na grande maioria rústicos
agricultores ou singelas donas de casa, são hoje referências no folclore
nacional.
Passo a passo, o livro, fruto de um trabalho intenso de pesquisa,
apresenta-nos:
Raminho (Ambrosino Ramos do Nascimento) do Lambe-sujo;
Paulino (José Paulino dos Santos) da dança do São Gonçalo da Mussuca;
Deca (José Santana dos Santos) do Cacumbi;
Oscar (Oscar Ribeiro) da Chegança;
Zé da Carroça (José Floriano dos Santos) da Chegança e outras
brincadeiras;
Bilinha (Umbelina Araujo) da Taieira e do Nagô;
E, por fim, uma
homenagem a Bráulio do Nascimento, que muito fez pelo folclore sergipano e, especialmente,
de Laranjeiras.
Beatriz Dantas conversa com essa gente, ela mesma personagem de seu livro, andando pelos terreiros, pelas praças de pedras, pelos auditórios das universidades, contando suas pesquisas num jeito muito gostoso de se ler (e de se ouvir). “Falar dos mestres exige que eu fale da minha relação com eles, de modo que, ao longo desse texto, estarei presente, pois sou parte da história que conto”.
Quando trata dos Lambe-sujo, deixa Raminho à vontade para extravasar suas
queixas: “a brincadeira só é bonita quando mela e rouba”; queixa contra o prefeito de então que proibiu (pelo menos o roubo): “vamos acabar com esse negócio de
roubar, que não tá dando certo não. Dá muito trabalho à polícia.”
Zé Rolinha, o atual mestre do Lambe-sujo, que substituiu Raminho, “foi à
Europa, para falar na universidade de Alicanto, na Espanha, sobre a
dramatização popular secularmente representada em Laranjeiras”.
E precisa ser doutor para fazer palestra em universidade, é?
Falando de Bilinha (mestre da Taieira e do Nagô) a autora informa que ele “era muito jovem e assumiu a dupla obrigação e por mais de meio século, levou-a à frente, ajustando-a às mudanças por que passava a sociedade local, mas sem abrir mão do que considerava a mais pura tradição africana”.
É ou não é
admirável?
Quando o poder público saía de cena, negando o apoio (que hoje dá), os
mestres e os brincantes sempre arrumavam um jeito de prosseguir com: “leilões,
contribuições dos pequenos e arrecadações mais substanciais dos ricos”.
E Beatriz Góes Dantas, mulher “muito perguntadeira” no dizer de Zé da
Carroça, nos deu (me deu) uma aula de folclore, da qual saí envaidecido com
esses espetaculares e persistentes mensageiros do lúdico de meu admirável
Sergipe.
(Antônio FJ Saracura, Aracaju, 12 de janeiro de 2020, recuperada em novembro
de 2020).
Oi Antônio, parabéns pelas sua leituras e escritas. Fiquei super interessado em ler o Mensageiros do Lúdico, mas não encontro caminhos para tal. Vc poderia me ajudar? Tens algum contato da autora?
ResponderExcluirObrigadao e um abraço da Paraíba