sábado, 21 de novembro de 2020

MARIA DO SERTÃO, Alcino Alves Costa

 

MARIA DO SERTÃO, Alcino Alves Costa,Infographics (2012), 326 páginas,Isbn:978-85-909523-1-2




Eu já conhecia Alcino Alves Costa como estudioso do cangaço e como político de uma importante cidade do sertão sergipano (Poço Redondo), além de pai do escritor Rangel Costa e adotivo de Samuel Albuquerque, que é intelectual de renomada, professor da Universidade Federal de Sergipe e atual presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe. Foi Samuel quem me recebeu de braços abertos como sócio do Instituto, uma grande honra para mim.

Não tem muito tempo, li um livro de Alcino, “Lampião em Sergipe” que, no seu estilo peculiar, me guiou pelas veredas catingueiras aonde o medonho Lampião andejava conduzindo um bando de facínoras e desassossegando o povo simples dos sítios e fazendas.

Ribeiro, um cidadão que assumiu divulgar meus livros a todo custo, levou-me um dia para conhecer pessoalmente o mito Alcino Alves Costa, bem antes de eu tomar conhecimento dos dois livros citados.

Batemos à porta de uma casa na rua Sete de Setembro, nas imediações da Rodoviária Velha. Alcino estava em uma clínica médica, logo voltaria informou-nos seu filho, Rangel. Eu levava de presente meus livros “Os Tabaréus do Sitio Saracura” e “Meninos que não Queriam ser Padres”, que Ribeiro achava que cairia em boas mãos. Mas Alcino demorou muito a retornar e, quando o fez, já estávamos de saída, tínhamos outro compromisso que não podíamos faltar. No encontro rápido, ele me pareceu bastante frágil, um pouco debilitado.

“Maria do Sertão” é um passeio pela cultura e pelas terras do sertão nordestino, onde desfilam cantigas, expressões folclóricas e uma trama consagrada em outros romances juvenis. Há o homem mau (que teve todas as chances de ser bom e não aproveitou nenhuma), há o justiceiro inflexível (que surpreende pela capacidade de cumprir missões, à primeira mão, inexequíveis), há a heroína (que inicialmente sofreu que só diabo e, depois, num passe de mágica apenas, fez o homem mau virar bonzinho, como se fosse a fada do conto). Há até o albino sanguinário Rato Branco, que me lembrou Silas do “Código da Vinci” de Dan Brown, com os devidos ajustes. Citando o próprio autor, na apresentação, é “emocionante e comovente história de dignidade e amor, religiosidade e fé, além do resgate da cultura sertaneja”.

 “Maria do Sertão” é boa leitura. O autor para a tornar mais agradável ainda cria no meio do sertão seco e impiedoso, um oásis com férteis e fecundas terras (Anuá).

Alcino Alves Costa faleceu recentemente (02 de novembro de 2012) e “Maria do Sertão” foi a último obra de rica bibliografia (“Lampião Além da Versão”, “O Sertão de Lampião”, “Lampião em Sergipe”, “Preces ao Velho Chico”, “Sertão. Viola e Amor”, “Poço Redondo – saga de um povo”, além de outros).

(Antônio Saracura, Aracaju 02 de novembro de 2012, recuperada em novembro de 2020)

 

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