MARIA DO SERTÃO, Alcino Alves
Costa,Infographics (2012), 326 páginas,Isbn:978-85-909523-1-2
Eu já conhecia Alcino Alves Costa
como estudioso do cangaço e como político de uma importante cidade do sertão
sergipano (Poço Redondo), além de pai do escritor Rangel Costa e adotivo de Samuel
Albuquerque, que é intelectual de renomada, professor da Universidade Federal
de Sergipe e atual presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe.
Foi Samuel quem me recebeu de braços abertos como sócio do Instituto, uma
grande honra para mim.
Não tem muito tempo, li um livro de
Alcino, “Lampião em Sergipe” que, no seu estilo peculiar, me guiou pelas veredas
catingueiras aonde o medonho Lampião andejava conduzindo um bando de facínoras e desassossegando o povo
simples dos sítios e fazendas.
Ribeiro, um cidadão que assumiu
divulgar meus livros a todo custo, levou-me um dia para conhecer pessoalmente o
mito Alcino Alves Costa, bem antes de eu tomar conhecimento dos dois livros
citados.
Batemos à porta de uma casa na
rua Sete de Setembro, nas imediações da Rodoviária Velha. Alcino estava em uma
clínica médica, logo voltaria informou-nos seu filho, Rangel. Eu levava de
presente meus livros “Os Tabaréus do Sitio Saracura” e “Meninos que não Queriam
ser Padres”, que Ribeiro achava que cairia em boas mãos. Mas Alcino demorou
muito a retornar e, quando o fez, já estávamos de saída, tínhamos outro
compromisso que não podíamos faltar. No encontro rápido, ele me pareceu
bastante frágil, um pouco debilitado.
“Maria do Sertão” é um passeio
pela cultura e pelas terras do sertão nordestino, onde desfilam cantigas,
expressões folclóricas e uma trama consagrada em outros romances juvenis. Há o
homem mau (que teve todas as chances de ser bom e não aproveitou nenhuma), há o
justiceiro inflexível (que surpreende pela capacidade de cumprir missões, à
primeira mão, inexequíveis), há a heroína (que inicialmente sofreu que só diabo
e, depois, num passe de mágica apenas, fez o homem mau virar bonzinho, como se
fosse a fada do conto). Há até o albino sanguinário Rato Branco, que me lembrou
Silas do “Código da Vinci” de Dan Brown, com os devidos ajustes. Citando o
próprio autor, na apresentação, é “emocionante
e comovente história de dignidade e amor, religiosidade e fé, além do resgate
da cultura sertaneja”.
“Maria do Sertão” é boa leitura. O autor para a
tornar mais agradável ainda cria no meio do sertão seco e impiedoso, um oásis com
férteis e fecundas terras (Anuá).
Alcino Alves Costa faleceu
recentemente (02 de novembro de 2012) e “Maria do Sertão” foi a último obra de
rica bibliografia (“Lampião Além da Versão”, “O Sertão de Lampião”, “Lampião em
Sergipe”, “Preces ao Velho Chico”, “Sertão. Viola e Amor”, “Poço Redondo – saga
de um povo”, além de outros).
(Antônio Saracura, Aracaju 02 de
novembro de 2012, recuperada em novembro de 2020)
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