quarta-feira, 18 de novembro de 2020

HISTÓRIA DA CASA DE SERGIPE (1912-2012),Ibarê Dantas

 

HISTÓRIA DA CASA DE SERGIPE (1912-2012),Ibarê Dantas,EditoraUFS,492p, Isbn: 978-85-7822-244-4




De início, tive medo ante calhamaço que me parecia intragável. Quando li as primeiras páginas, o monstro se abaixou e ficou amigo.

Ibarê é historiador lírico, irônico, mordaz, em algumas passagens. Deve ser genético. Não abusa de citações e, quando as usa, o faz de uma maneira que ficam bem digeríveis. E nem por isso a sua credibilidade perde ponto entre os cientistas, pois seu nome é respeitado no meio.

Livro de leitura agradável, mesmo sendo longa. Longa por estrita necessidade: a vastidão de anos de vida da centenária da Casa de Sergipe e a grande quantidade de personalidades que dirigiram a entidade.

O historiador cirúrgico garimpou este imenso universo paciente e meticuloso.

Ibarê trata de um presidente do IHGSe e faz um apanhado do entorno. E teria mesmo que ser assim, pois uma instituição dessa importância vive intrinsecamente ligada ao mundo político e cultural ao qual pertence. Ele vai em busca, inclusive, dos que moram fora de Sergipe. Assim é que pude sentir a grandiosidade de Silvio Romero, Manoel Bonfim, Tobias Barreto, João Ribeiro entre outros.

Convivi (peguei intimidade) com o artífice mor do IHGSE, Florentino Meneses. Depois, com João da Silva Melo, Caldas Barreto, Manoel Lobo, Cyro Farias, Amintas Jorge, Nobre de Lacerda, o eterno Epifânio Dória e muitos outros. Militares, professores, advogados.

Mesmo esses grandes homens nunca conseguiram livrar o Instituto da contínua penúria. Depende, para se manter das ínfimas mensalidades de seus sócios nem sempre pontuais nos compromissos. As dotações públicas são aleatórias e incertas. Estão sempre à mercê da vontade e do humor de cada gestor público ou assessor temperamental.

Percebe-se que o autor nutre admiração especial por algumas figuras, como o historiador Itabaianense Francisco Antônio de Carvalho Lima Junior. E por outras, nem tanto, como o também historiador de Itabaiana, Sebrão Sobrinho (Lautas da História de Aracaju e Tobias Barreto, esse desconhecido). Lamentei o último senão, se bem que o autor se explicou adequadamente.

Dá-me agora muito mais pena ver o cupim do tempo comendo sem controle telas inestimáveis de o acervo insubstituível.

De onde me saiu esse muito mais?

Depreendi que da leitura dessa obra, talvez da parte que nem foi escrita.

O livro me ensinou muita coisa sobre Sergipe que nunca tivera oportunidade de aprender, devido a corrida pela sobrevivência que levei. Agora matei a curiosidade. Deve ter ficado algo na minha cabeça oca que o tempo irá liberando quando for preciso. Espero.

 (por Antônio FJ Saracura, 09 se janeiro de 2014, recuperada em novembro de 2020).

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