HISTÓRIA DA CASA DE SERGIPE
(1912-2012),Ibarê Dantas,EditoraUFS,492p, Isbn: 978-85-7822-244-4
De início, tive medo ante calhamaço
que me parecia intragável. Quando li as primeiras páginas, o monstro se abaixou
e ficou amigo.
Ibarê é historiador lírico,
irônico, mordaz, em algumas passagens. Deve ser genético. Não abusa de citações
e, quando as usa, o faz de uma maneira que ficam bem digeríveis. E nem por isso
a sua credibilidade perde ponto entre os cientistas, pois seu nome é respeitado
no meio.
Livro de leitura agradável, mesmo
sendo longa. Longa por estrita necessidade: a vastidão de anos de vida da
centenária da Casa de Sergipe e a grande quantidade de personalidades que
dirigiram a entidade.
O historiador cirúrgico garimpou
este imenso universo paciente e meticuloso.
Ibarê trata de um presidente do
IHGSe e faz um apanhado do entorno. E teria mesmo que ser assim, pois uma
instituição dessa importância vive intrinsecamente ligada ao mundo político e
cultural ao qual pertence. Ele vai em busca, inclusive, dos que moram fora de
Sergipe. Assim é que pude sentir a grandiosidade de Silvio Romero, Manoel Bonfim,
Tobias Barreto, João Ribeiro entre outros.
Convivi (peguei intimidade) com o artífice mor
do IHGSE, Florentino Meneses. Depois, com João da Silva Melo, Caldas Barreto,
Manoel Lobo, Cyro Farias, Amintas Jorge, Nobre de Lacerda, o eterno Epifânio Dória
e muitos outros. Militares, professores, advogados.
Mesmo esses grandes homens nunca conseguiram
livrar o Instituto da contínua penúria. Depende, para se manter das ínfimas
mensalidades de seus sócios nem sempre pontuais nos compromissos. As dotações públicas
são aleatórias e incertas. Estão sempre à mercê da vontade e do humor de cada gestor
público ou assessor temperamental.
Percebe-se que o autor nutre
admiração especial por algumas figuras, como o historiador Itabaianense Francisco
Antônio de Carvalho Lima Junior. E por outras, nem tanto, como o também historiador
de Itabaiana, Sebrão Sobrinho (Lautas da História de Aracaju e Tobias Barreto, esse
desconhecido). Lamentei o último senão, se bem que o autor se explicou adequadamente.
Dá-me agora muito mais pena ver o
cupim do tempo comendo sem controle telas inestimáveis de o acervo insubstituível.
De onde me saiu esse muito mais?
Depreendi que da leitura dessa
obra, talvez da parte que nem foi escrita.
O livro me ensinou muita coisa
sobre Sergipe que nunca tivera oportunidade de aprender, devido a corrida
pela sobrevivência que levei. Agora matei a curiosidade. Deve ter ficado algo
na minha cabeça oca que o tempo irá liberando quando for preciso. Espero.
(por Antônio FJ Saracura, 09 se janeiro de 2014,
recuperada em novembro de 2020).
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