domingo, 15 de novembro de 2020

ZECA MESQUITA O VISIONÁRIO

 

ZECA MESQUITA O VISIONÁRIO, Robério Santos, Edição própria, infographics, 2014,276p, ilustrações, isbn: 978 859 119 1833

 


Robério é um profícuo escritor itabaianenses. Publica romances, poesias, fotografias, ensaios e biografias. Nesse último campo, já nos presenteou com “Joãozinho Retratista”, em 2012 e agora, com “Zeca Mesquita, o Visionário”.

Além disso, Robério é ativo homem de imprensa. Da imprensa solitária de Itabaiana, faz circular um jornal-revista chamado OMNIA, dedicado a divulgar os valores da terra, que não são poucos.

Zeca Mesquita (José Mesquita da Silveira) é uma dos grandes itabaianenses e precisava de uma biografia publicada, para nunca mais ser esquecido, ou melhor, para ser reconhecido pelas novas gerações eternamente.

E ganhou uma obra de valor.

Textos bem medidos, fotografias em profusão, depoimentos de pessoas que conviveram com o personagem, artigos publicados pela imprensa...

Um dossiê tanto.

Nada com viés de louvação, comum em biografias de personagens importantes das comunidades, mas uma exposição apartidária de dados, como é o praxe jornalístico de Robério.

Eu tive o prazer de conhecer Zeca Mesquita, se bem que de vista apenas. Ele me lembra a luz elétrica, claridade, cinema popular, entretenimento. Pioneirismo e inventividade.

Sobre o cinema e energia gerada por um motor, eu escrevo passagens em “Os Tabaréus do Sítio Saracura” e “Meninos que não Queriam ser Padres”. Não consigo esquecer os seriados de sábado à tarde quando ximava as revistinhas em quadrinho dos meninos praciantes. E ainda me acelera fôlego pelo pique que dava para chegar em casa antes que a energia fosse cortada, à noite, depois de ter assistido àquele filme de vampiros, que ainda hoje me arrepia.

 O primeiro rádio, o primeiro automóvel, o primeiro televisor colorido, em Itabaiana, apenas para citar três exemplos, foram de Zeca Mesquita. Participou efetivamente da vida política (sem nunca ter sido prefeito) e da vida social desde criança (quando veio com os pais para a cidade) até a morte, aos 82 anos.

Robério Santos soube aproveitar os bons testemunhos de pessoas da cidade que conviveram com Zeca Mesquita, além de agregar matérias publicadas no lendário jornal “O Serrano” compartilhando e enriquecendo a obra.  Destes testemunhos, os artigos  Vladimir Souza Carvalho (Rua do Canto Escuro, e Cinema de Zeca e do Padre) têm o poder de transportar (como se fosse uma máquina do tempo) o leitor ao passado glorioso, mesmo que nem tenha sido tão glorioso assim. O que não faz a magia da boa escrita!

O livro de Robério é um monumento que precisa ser visitado por todos que somos da Serra. Motivo de orgulho também.

 

(Antônio Saracura, 11 de maio de 2014, resenha recuperada em novembro de 2020).

PS:

Robério Santos é hoje uma celebridade (2020). O seu canal de Youtube, “O Cangaço na Literatura”, alcança o mundo inteiro e é uma unanimidade no Brasil. Dedica-se à pesquisa, publica livros obre o tema, que logo se transformam em best sellers. Os episódios (há centenas) no Canal são filmes documentários espetaculares.  Se puder ver, não relute.

A Revista OMNIA parou de circular há alguns anos, para infelicidade da cultura. Não que os valores de Itabaiana se esgotaram...

É difícil manter uma revista boa viva.

(Saracura)

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