sábado, 21 de novembro de 2020

MÁRIO CABRAL VIDA E OBRA

MÁRIO CABRAL VIDA E OBRA, Ana Maria F. Medina, J. Andrade, 2010, 508 páginas isbn 978-85-60075-33-1

 



O livro custou-me R$70,00. Achei caro. 

Preço espanta leitor. 

Em tempos bicudos, deixei de ler bons livros por não os poder comprar. Lembro-me de alguns que namorei por semanas nas gôndolas das livrarias, muitas vezes sob o olhar vigilante dos funcionários, talvez achando que eu os pudesse roubar se dessem vacilo.

Mas voltando ao que interessa mesmo: o que me ficou desta leitura.

A autora mostra Aracaju do início do século XX e nos premia com o burburinho da aldeia com o Rio Sergipe escorrendo macio ladeado por mangues e vigiado por dunas brancas. Apresenta-nos a casa dos Beirais Vermelhos, o engenho Jataí da Capela, o sítio do Bugio e outros recantos bucólicos, que revelaram o poeta e moldaram o cronista irretocável.

Rica iconografia, singular epistolário (com transcrição). Boa seleção de amostra da obra cabralina, que inclui jornalismo, crítica literária, memórias, folclore, poesia, ensaios, discursos. Seleta escolhida a dedo com seus melhores poemas e textos em prosa. A escrita fácil, cuidada, com a linha límpida de ideias que Mário sempre cultivou enche os olhos do leitor.

Ágeis capítulos narrando a trajetória do intelectual com o toque lírico, onde coube, de Ana Medina. Entretanto, os capítulos técnicos profissionais (Mário Cabral na Federação, Passagem pela Cofap, Professor Mário Cabral, Agnosticismo, Viagens...) enfadaram. Talvez por estarem já no fim do longo livro, quando o indigesto leitor (eu!) precisava dormir para acordar cedo.

No todo, “Mário Cabral Vida e Obra” é um grande livro e de utilidade para nós de Sergipe especialmente. Precisamos conhecer nossas grandes figuras, como Mário Cabral. Também outras que não tiveram ainda a sorte de encontrar Ana Medina.

Que sorte que tive em comprar este “Mário Cabral Vida e Obra”.

Agora, depois de lido, acho que foi um livro barato. Avaliem as referências bibliográficas, a memória de trabalho e o tamanho da equipe de pesquisa (páginas 469 em diante).

 (Antônio Saracura, Aracaju, 17 de marco de 2011, recuperada em novembro de 2020)

 

  

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