CORDEL UNIVERSAL, Beto Brito,
Caixa com doze livrinhos, arte de Marcos Estrela.
Conheci Beto Brito na XXIII Bienal
do Livro de São Paulo. De súbito.
Perdido na multidão e embriagado
por tanto brilho, ancorei, lá no fundo, onde estavam os restaurantes, em um
porto calmo. Respirei. Era o stand, ou seja, a quarta parte de pequeno stand do
poeta paraibano Beto Brito. Poeta cordelista e poeta clássico. Cantor, showmen
que emparelha com Jessier Quirino. Sucesso no Brasil que eu, escondido em
Sergipe blindado aos sons do mundo, pouco ouvira falar.
Fiz amizade.
As respectivas esposas fizeram
também.
Como era uma hora morta, pois existem
também em qualquer bienal de livro, pudemos conversar largamente sobre nossas
literaturas. Então fiz daquele cantinho acolhedor, acanhado por dentro (só
cabia Beto e a esposa sem direito à manobras) mas de surpreendente amplidão
externa.
Foi meu ponto de descanso, de
partida e de chegada. Misturei meus livros com os livros e outras mídias do
poeta paraibano.
Os clientes que ouviam seu
marketing escutavam um pouco também do meu.
Vendi livros sem risco de ser
expulso à tapa pela fiscalização do evento. E trouxe para casa algumas obras do
poeta, entre os quais a caixinha “Cordel Universal” de que falo aqui com o pé
de agradecer ao poeta paraibano a hospitalidade que muito me fez bem.
E para que você saiba, um pouco
mais, da boa literatura que o Brasil produz.
“Cordel Universal” é Uma caixa
estilizada com doze obras escolhidas a dedo pelo autor:
O Vendedor de Fumo;
O Casamento de Maria Resolvida;
A Arapuca;
Violeiros do Futuro;
Caruaru e Campina Grande;
Dever eu Devo;
O Carcará Misterioso;
O Homem que Vendia Chuva;
A Saga de Pedro Caroço;
De Onde Vem o Baião;
Filosofando;
Assim falou Zé Limeira.
xxx
Apresento, abaixo, a segunda
estrofe do último livrinho (Assim falou Zé Limeira), para você sentir o valor.
“Costurei o meu sapato
Com agulha de Bambu
Almocei um urutu
Refogado em carrapato
Farreei com um beato
Na esquina orgia
Já saudei na cantoria
Um soldado de Sodoma
Acordado do seu coma
Sob a lava em que dormia.”
xxx
Você precisa ler tudinho. E se
ouvir falar de um show de Beto Mendes na cidade, pode comprar ingresso que será
inesquecível. Com uma rabeca rústica do sertão ele encanta multidão. É só o
início. Na Bienal do livro, Beto Brito apresentou, nos finais de tarde, espetáculos
indescritíveis.
Só vendo mesmo pra crer.
(Antônio FJ Saracura Aracaju, 27
de dezembro de 2014, revisto em 2020nov15)
Nenhum comentário:
Postar um comentário