GARCIA ROSA (VULTOS E VOZES DE SERGIPE 09),Livreto que
acompanha um cd com recitações Garcia Rosa (própria voz), sem identificação de
editor, apresentação de Wagner Ribeiro.
Uma lenda se torna palpável pelas mãos de alguns
intelectuais de Sergipe. Tempos atrás Clarêncio Martins Fontes me presenteara
com as recitações de Mário Cabral, que embevecido escutei aqui no meu recanto do
Robalo. Deve haver outros livros desses circulando por aí.
Este Garcia Roa, ganhei de Wagner Ribeiro, monstro sagrado
da literatura sergipana e imortal da Academia Sergipana de Letras. Mandou-me
este e todos os seus livros publicados, além de livro de José da Silva Ribeiro
Filho, que é o pai de Wagner. E mais quatro cordéis impressos (de sua autoria) nos
quais usou pseudônimos.
Foi um presente e tanto! E eu fiz o quê, para merecer tanto?
Talvez consideração.
Eu lhe dei, quando adquiriu no lançamento (Instituto
Histórico e Geográfico) “Minha Querida Aracaju Aflita”, os meus “Os Tabaréus do
Sítio Saracura” e “Meninos que não Queriam ser Padres”.
Fiquei devendo muito ao grande poeta.
Garcia Rosa é a referência maior de nossa poesia.
Confunde-se com Aracaju nascendo, também porque fez da
colina mater do Santo Antônio, o seu
refúgio e residência. Publicou apenas um livro em vida “Lírica” (1921, 1924).
Poucos versos liberados para 83 anos de poesia. Mas Garcia Rosa marcou época.
É melhor um único verso bom do que toda uma biblioteca de
livros de poesia ruins.
Deixo a seguir o soneto “Rio da Minha Terra” que mostra a
poesia de Garcia.
Muitos poetas cantaram os rios de suas terras, este de
Garcia Rosa tem um quê especial, é nosso também.
Rio de Minha Terra
Lento, moroso, vai rolando o rio
Entre margens sombradas de ingazeiras.
Mal se lhe escuta o doce murmúrio
Que consona com a voz das lavadeiras.
Nas formosas manhãs
do claro estio,
Garças, marrecas, jaçanãs ligeiras.
Sob o toldo das árvores, sombrio
Enchem de luz e cor as ribanceiras
Rio de minha terra, rio amado
Quantas vezes, em êxtase ao teu lado
Fico a infância distante a recordar...
E enquanto eu marcho triste para a morte
Sem um gozo sequer que me conforte
Tu corres impassível para o mar.
(Por Antônio FJ Saracura, Aracaju, 22 de julho de 2012, recuperado
em novembro de 2020).
Post scriptum:
Wagner Ribeiro faleceu em 01/01/2017, aos 71 anos, de câncer
no fígado)
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