quinta-feira, 19 de novembro de 2020

HISTÓRIA DE SERGIPE, Acrísio Torres Araújo

 

HISTÓRIA DE SERGIPE (O livro), Acrísio Torres Araújo, 1967, J. Andrade, 78 páginas

 

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Acrísio Torres Araújo, um cearense e imortal da Academia Sergipana de Letras, faleceu em 2016, em Brasília, onde vivia com a família. Era então aposentado pela UNB onde foi titular da cadeira de Moral e Cívica. 

Este livro, quase um opúsculo, História de Sergipe, publicado em 1966, três anos após o autor ter migrado do Ceará/Piauípara Sergipe, circulou por um bom tempo, foi adotado por escolas, mas sumiu há mui5o do mercado. Apenas as bibliotecas guardam exemplares rotos, hoje. É um dos poucos livros (quase todos fora do mercado) que conta a História de Sergipe.

Afora ele, salvo melhor pesquisa, há “Sergipe Sociedade e Cultura” do professor Antônio Wanderley e outros, de 2007, edição do autor, 176 páginas. É mais um livro-apostilha de aula, de inquestionável utilidade, mais focado na cultura do povo. 

Há mais outro, este fora de circulação, de Antônio Risério, “Uma História do Povo de Sergipe”, 2010, 612 páginas (resenhado aqui neste blog) e queimado pelos patrocinadores (O Estado de Sergipe), se ouviu falar, foi condenado pela intelectualidade de plantão após impresso. Apenas alguns privilegiados possuem um exemplar (chamuscado). 

As demais Histórias de Sergipe escritas e publicadas são de autoria de Pires Wine (1972), Elias Montalvão (1930), Laudelino Freire (1900), Felisbelo Freire (1891). O tempo as sugou, nem mais suas almas (das obras e dos autores) suspiram nos cemitérios de Sergipe. As edições que saíram eventualmente tiveram caráter restrito, atendendo a grupo de privilegiados. 

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E como as pessoas procuram nas livrarias uma História de Sergipe! 

Digo, porque trabalho uma vez por semana, nas livrarias, divulgando a nossa literatura, desviando atenções para as prateleiras escondidas onde residimos. Indico Ibarê Dantas e Samuel Albuquerque, cito Thétis Nunes e Ariosvaldo Figueiredo (seus livros não mais circulam). Todos tratam de segmentos estanques. As pessoas querem uma obra que junte e interligue estas partes, que apresente a História de Sergipe condensada e consolidada. 

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Mas retornando ao livro de Acrísio Torres Araújo e à História de Sergipe...

Tenho aqui comigo, pois comprei para meu uso quando foi impressa, e ainda o livro era menor ainda (42 páginas). A obra (o autor era professor em colégios da cidade) pretendia servir aos terceiro e quarto anos do primário de então. Consta na capa: aprovado pelo Conselho Estadual de Cultura. Foi impresso pela editora J. Andrade, estabelecida à rua Divina Pastora, 531. Tem prefácio de Áurea Melo, que conheci no meu tempo de jovem, no Seminário Arquidiocesano e a cito em OS Tabaréus do Sitio Saracura, página 236, sem explicitar o nome apenas o cargo (Inspetora do MEC). E também na página 32 de Meninos que Não Queriam ser Padres, desta vez, anotando o nome. 

História de Sergipe de Acrísio está dividida em blocos:

Sergipe capitania (1550-1822);

Sergipe província (1822-1889);

Sergipe Estado (1889-1930);

Sergipe Estado (1930-1945);

Sergipe Estado (1945 – até agora, 1967).

Cada bloco divide-se em partes menores onde são descritos fatos, de maneira singela. Cada um ocupa em torno de página e meia. Há gravuras (de autoria de Maria Clara) que tornam mais simpática a leitura.

Ao circular o livro, como aconteceu com o de Antônio Glicério, provocou reação contrária da intelectualidade. Conta-se que Thétis Nunes, a grande história da Universidade, escreveu um artigo apontando falhas. Acrísio era jornalista e mantinha colunas diárias nos jornais. Defendeu-se e, na defesa, sugeriu que a professora, em vez de ficar olhando defeitos na obra de um simples professor primário, escrevesse livros contando o que sabia de nossa história, pois Sergipe precisava muito.

A professora sentiu a fisgada e dedicou sua vida, a partir de então, em produzir a bela literatura consistente de que Sergipe hoje dispõe. Um efeito colateral da ousadia da ousadia do professor cearense.

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Repetindo... precisamos de uma História de Sergipe, para adultos e crianças, que venha até dos dias de hoje.

(Bibliografia):

FREIRE,F. História de Sergipe (1575-1855). Rio de Janeiro: Tip.Perseverança,1891.

FREIRE, L. História de Sergipe – resumo didático para o uso das Escolas Públicas Primárias. Aracaju: Tip. do “Estado de Sergipe”, 1900.

MONTALVÃO, E.R. Meu Sergipe: ensino de História e Geografia. Aracaju: Tip. Comercial, 1916.

http://www.snh2015.anpuh.org/resources/anais/37/1407180157_ARQUIVO_CELESTINO.pdf (não deixe de ler).

 (Antônio Saracura, escrita em janeiro de 2016, revisada em dezembro 2017)

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