DISPERSA MEMÓRIA, Alberto Carvalho, edição Acê, 2001, em isbn
e sem número de páginas, sem isbn.
Alberto faleceu em 24/04/2002 um ano depois de publicar “Dispersa
Memória”.
O livro traz joias de primeira grandeza. Os poemas são
espetaculares e alguns replicados aqui porque certamente eram muito do seu
agrado.
Os textos têm sua marca de irreverência e genialidade. Autênticos
sem douração de pílula. Temperados com a língua ferina própria das pessoas que
não devem nada a ninguém. Escrita elegantes e sem arrodeios.
“Lembranças da Regina”, uma obra prima de feitura e de
resgate de momento ímpar de nosso passado glorioso.
“Artista, Mulher, símbolo”, sobre Frida Kahlo, a multiartista
mexicana. Reveladora.
Há jargões espalhados que anoto a seguir, pois me parecem
marcas registradas: “Classe mérdia”, quando se refere ao segmento social posudo.
“Meus três leitores” referindo-se ao mercado de leitores de Sergipe,
especialmente os que realmente leem (os seus livros). “Encaixotar sereno”
conversar até alta noite nos bares da vida, do que era frequentador inveterado.
Em “Dispersa Memória”, Alberto canta sua terra. Itabaiana está
presente com seus costumes e valores de nação. No Primeiro Tempo, há os poemas falando
da infância, dos tipos, de sonhos. No Segundo Tempo, o autor abre o palco e faz
desfilarem cenas itabaianenses com seus tipos e casos exóticos. Tem mais Itabaiana
em Andantino Acebolado (terceiro Tempo) e até em Coisas de Aracaju.
Mas além de Itabaiana tem muita cultura, boa prosa. O livro é
um clássico e contem Crítica literária, politica, desabafos, curiosidades, cinema,
personalidades, antologia de poetas que admira ou abomina, artigos publicados
em jornais e revistas...
Como se Alberto, vendo seu tempo na terra se acabando, para
não deixar aos herdeiros a missão (que talvez nunca fosse cumprida) de publicar
seu acervo ainda não feito, resolveu editar “Dispersa Memória”, e nós agradecemos.
(Aracaju, 21 de abril
de 2014, Antônio Saracura)
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