sábado, 21 de novembro de 2020

O CONDE DE SÃO VICENTE por uma nova história de Sergipe

 

O CONDE DE SÃO VICENTE por uma nova história de Sergipe, Marcos Melo, Editora do Conde,2006, 256 páginas, sem isbn, tamanho: 21 cm



Marcos Melo é o autor de “Propriamente Falando” e “Falando Propriamente”, dois livros de crônicas saborosos sobre o dia a dia da cidade sergipana de Propriá, sua terra natal e onde viveu intensamente a infância e a juventude. Costumes, tipos folclóricos, jeitos de ser... As duas obras recendem cultura local e universal.

Nesse romance, “O Conde de São Vicente Por uma nova história de Sergipe” também o autor mescla cultura a um estilo agradável de contar história. Á guisa de narrar as peripécias do personagem, Dom Isidro, que é o conde de San Vicente e Angullane, repassa-nos a história da Europa, a partir dos descobrimentos, e a história do Brasil a até a Proclamação da República. E anda pela história contemporânea, especialmente de Sergipe, e não deixa passar em branco o golpe militar de 1964 e muitos outros eventos tristes ou gloriosos.

Melo nos dar aula de história, como fez Jostein Gaarder, quando ensinou filosofia, através de seu romance “O Mundo de Sofia”, que o mundo curte com inaudito prazer.

Este Conde é um personagem sergipano, apesar de espanhol de nascimento, e mais um, a perseguir o sonho de Belchior Dias Moreia, na busca das minas de prata de Itabaiana. Investiu fortuna na Serra da Batanga, em Gararu (deve ser extensão da cadeia montanhosa), fazendo-a uma tábua de pirulito de tão furada, encontrando apenas um minério inútil (na época) chamado Urânio (óxido de urânio).

Mas a prata que Belchior escondeu na Serra de Itabaiana (muito bem escondida) deve estar impaciente enterrada. Qualquer dia ela mesma se entregará, aflorando à flor da terra de algum sítio de recreio. Espero que no meu, que acabo de comprar. Uma tarefa de pedras que   parece uma mina de  bigornas.

O romance “O Conde de São Vicente” é construído em cima de um bate-papo informal entre colegas, aguardando o início de mais uma reunião do Conselho Diretor da Universidade Federal de Sergipe. É uma “fantástica viagem no tempo, guiado pela mão do doutor Péricles Monteiro, intelectual de “voz claudicante, mas nítida e pausada” e que parece ser real, pois mereceu (consta no livro)  citação do intelectual itabaianense Alberto Carvalho (também professor da UFS), que o chamou de “um clássico sergipano, apensar dos equívocos”.

O livro deixou-me feliz (pelo que disse acima) e triste pelo que digo s seguir.

É que nunca soube da sua existência até enxergá-lo na estante de meu novo amigo Euclides Oliveira, cidadão de Lagarto e apaixonado pela literatura sergipana. Amigo que ganhei quando leu “Os Tabaréus do Sítio Saracura” e me procurou feito um louco por esta cosmopolita Aracaju.

É lamentável que os livros Marcos Melo não estejam à venda nas livrarias da cidade. Sergipe, afora o nicho de chegados ao autor e um outro colecionador de joias, tipo Euclides, sequer fala deles.

De que vale produzir um bom livro  para não ser lido?

(Antônio FJ Saracura, 14 de agosto de 2011, recuperada em novembro de 2020).

 

 

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